NICHO E ENDEMISMO EM AMBIENTES ENTREMARÉS RECIFAIS: UMA ABORDAGEM UTILIZANDO ISÓTOPOS ESTÁVEIS

Nome: Ryan Carlos de Andrades
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 29/03/2018
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
Jean-Christophe Joyeux Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
Agnaldo Silva Martins Suplente Interno
Angelo Fraga Bernardino Examinador Interno
Ciro Colodetti Vilar de Araujo Suplente Externo
Helen Audrey Pichler Examinador Externo
Hudson Tercio Pinheiro Examinador Externo
Jean-Christophe Joyeux Orientador
Maurício Hostim Silva Examinador Interno

Resumo: Embora o conceito de nicho ecológico possa variar de acordo com o campo da ecologia estudado, sua essência constitui em entender a forma que organismos vivem sob distintas condições bióticas e abióticas. Nesta tese eu procuro, por meio de isótopos estáveis e baseado numa abordagem Eltoniana, compreender a forma que organismos marinhos coexistem em recifes entremarés, embora muitos aspectos e análises conduzidas, bem como o próprio alcance da técnica de isótopos estáveis, permeiem através de ideias Grinelliana e Hutchisoniana. Os estudos foram conduzidos em seis ambientes entremarés insulares e costeiros da Província Brasileira: Atol das Rocas, Fernando de Noronha e Trindade representando ilhas oceânicas e Salinópolis (Pará), Jericoacoara (Ceará) e Anchieta (Espírito Santo) representando ambientes costeiros. Os capítulos da tese revelam progressivamente a importância e organização ecológica destes ambientes. Assim, o primeiro capítulo faz uma breve introdução do tema da tese e seus capítulos subsequentes seguido pelo segundo que destaca a elevada taxa de endemismo de peixes nos recifes entremarés de ilhas, ressaltando a fragilidade deste ambiente e de suas espécies endêmicas frente a impactos pontuais e crônicos. O terceiro capítulo consiste em um estudo da estrutura das comunidades de peixes dos seis sítios revelando que todas as comunidades foram dominadas em composição e número por espécies de pequeno porte e adaptadas à vida no entremarés. Em ilhas, espécies endêmicas foram as mais representativas, sendo responsáveis pela estruturação das comunidades e sua distribuição esteve correlata a diferentes variáveis estruturais. O quarto capítulo faz uso de análises isotópicas de 13C e 15N para evidenciar, através de modelagens, que as teias tróficas nas ilhas são mais longas e complexas, e que as espécies críptobênticas do entremarés, incluindo espécies endêmicas, são as mais vulneráveis à pressões de competição intra e interespecíficas. O quinto capítulo é voltado ao estudo dos impactos esperados em ilhas após invasão por uma espécie exótica. Para tal, usou-se dados de densidade e assinaturas isotópicas na zona costeira para simular a presença do invasor nas ilhas. Embora grande parte das espécies demonstraram ser fracas competidoras frente a uma potencial invasão, a vulnerabilidade das espécies endêmicas à presença da espécie invasora chama a atenção devido às baixas capacidades de competição e pelo restritos territórios de vida. O sexto capítulo reporta a morte por dessecação de espécies residentes e não-residentes do entremarés, ressaltando as rigorosas pressões abióticas deste ambiente sobre sua fauna. Por fim, o sétimo capítulo é uma nota técnica apresentando relações peso-comprimento e comprimento-comprimento de peixes das ilhas estudadas, inclusive de espécies endêmicas da Província Brasileira, publicado afim de contribuir com futuros trabalhos na elaboração de estimativas precisas de biomassa. Em suma, o nicho em ambientes entremarés recifais das ilhas oceânicas brasileiras revela, pela primeira vez, comunidades com elevados níveis de diversidade trófica e de seus recursos basais, ao mesmo tempo frágeis no que diz respeito ao seu elevado endemismo, à vulnerabilidade competitiva de suas espécies endêmicas, à presença de espécies invasoras e ao risco de desaparecimento frente à subida do nível do mar.

Palavras-chave: Nicho isotópico, poças de marés, SIBER, Omobranchus punctatus

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