VARIABILIDADE INTRA E INTER-ESPECÍFICA DAS REGIÕES ORGANIZADORAS DO NUCLÉOLO CORADAS PELA PRATA (AG-RON) EM MARSUPIAIS DIDELFÍDEOS

Nome: Leonardo Alves Baião
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 30/03/2007
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
Valéria Fagundes Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
Alexandre Pires Aguiar Examinador Interno
Kátia Cristina Machado Pellegrino Examinador Externo
Valéria Fagundes Orientador

Resumo: A ordem Didelphimorphia compreende os marsupiais da família Didelphidae, a qual abrange 19 gêneros e 103 espécies com distribuição ao longo de praticamente todo o continente americano. Essa família apesar de muito diversificada ecologicamente apresenta alto grau de conservação cariotípica. Nesse trabalho visou-se fazer uma avaliação global dos padrões citogenéticos descritos para marsupiais didelfídeos com ocorrência no Brasil, com ênfase no processo evolutivo do grupo; assim como verificar se as Ag-RONs são marcadores espécie-específicos, e se mostram variação intra ou inter-específica. Realizamos a coloração comum e a coloraçãos das regiões organizadoras de nucléolo pela prata (Ag-RONs) em 114 espécimes de didelfídeos pertencentes a 20 espécies provenientes de 21 localidades de nove estados brasileiros (Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina). Verificamos um grau elevado de polimorfismo dos cromossomos sexuais, os quais, em alguns casos, apresentaram variação intra-populacional. As RONs se mostraram conservadas principalmente entre as espécies que possuem mesmo número diplóide (2n=14, 2n=18 ou 2n=22). No entanto, representantes de Micoureus (2n=14), Marmosa (2n=14) e Monodelphis (2n=18) apresentaram RONs variáveis. Em Micoureus as RONs apresentaram um padrão específico em M. demerarae (5q6p), M. constantiae (6p) e M. paraguayanus (5pq6p). A espécie Marmosa murina apresentou alto grau de variabilidade das RONs, com seis padrões de marcação em sete exemplares da amostra. Em Monodelphis, as RONs também exibiram variação considerável e nesse grupo, exclusivamente, as marcações localizam-se nos cromossomos sexuais. Sendo a presença de um par de RONs (posição 6p) uma característica primitiva, podemos verificar que houve uma tendência evolutiva de aumento do número de RONs a partir da condição primitiva de um único par portador de marcações. Essas mudanças envolvem ganhos de DNA, incluindo o DNAr nas linhagens que sofrem grandes mudanças na organização do genoma. Os cariótipos com 2n=14, NF=20, pares 5 e 6 acrocêntricos e Ag-RONs no telômero proximal do par 6 (6p), segundo nossa interpretação, são os cariótipos mais primitivos para marsupiais didelfídeos. Cariótipos com pares 5 e 6 metacêntricos (2n=14 e NF=24), como ocorrem em Marmosops, são mais derivados entre as formas com 2n=14. Uma interpretação evolutiva dos caracteres citogenéticos mostrou que a forma com 2n=18 surgiu anterior à forma com 2n=22. No entanto, cada uma das formas (2n=18 e 2n=22) não se encontra na mesma linhagem evolutiva, ou seja, 2n=18 não pode ser considerada uma forma intermediária entre 2n=14 e 2n=22, mas evoluiu independente de 2n=22. Ainda, as mudanças cromossômicas (fissões) que levariam à origem do cariótipo com 2n=22 teriam ocorrido quando da diversificação dessa forma há 12 m.a. no Mioceno, na formação do clado monofilético que agrupa Chironectes, Lutreolina, Didelphis e Philander. Ainda, observou-se que o cariótipo com 2n=18 ocorre também na subfamília Caluromyinae (Glironia). A diversificação entre Caluromyinae e Didelphinae ocorreu há 40 m.a., ou seja, o cariótipo 2n=18 teve origem independente nas duas subfamílias, refutando, novamente a hipótese de que esse seria um intermediário entre as formas com 2n=14 e 2n=22.

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