Evolução Molecular e Cariotípica em Rhipidomys Tschudi, 1845 (Cricetidae, Rodentia)
Nome: Ana Heloisa de Carvalho
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 28/11/2017
Orientador:
Nome | Papel |
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Leonora Pires Costa | Orientador |
Valéria Fagundes | Co-orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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Ana Carolina Loss Rodrigues | Examinador Interno |
Bárbara Maria de Andrade Costa | Examinador Externo |
Leonora Pires Costa | Orientador |
Maria José de Jesus Silva | Examinador Externo |
Roberta Paresque | Examinador Interno |
Resumo: A taxonomia de Rhipidomys (Cricetidae, Rodentia) é complexa, sendo a identificação
de espécies embasada principalmente em caracteres morfológicos contínuos. Estudos
filogenéticos prévios utilizando o gene Citocromo B (CitB) amostraram 12 das 23 espécies
reconhecidas; três destas últimas foram identificadas e descritas após estes estudos e outra é
ainda não formalmente descrita, indicando que a variação morfológica pode subestimar a
diversidade do gênero. O cariótipo costuma ser um bom caráter taxonômico para roedores
mas, em Rhipidomys, muitos foram descritos e não associados à espécies ou ainda
interpretados equivocadamente. Cariótipos de indivíduos identificados morfologicamente e
molecularmente, provenientes de diversas localidades, foram analisados. Foram revisadas as
informações cariotípicas disponíveis na literatura para Rhipidomys e alguns cariótipos foram
reinterpretados. Os cariótipos do gênero são divididos em três grupos: o grupo com número
diplóide (2n) igual a 44 com Número Fundamental (NF) baixo variando de 48 à 52; o grupo
com 2n=44 com NF alto, variando de 72 à 80 e; o grupo com 2n diferente de 44, 2n=48 e 50
com NF variando de 66 à 72. A maioria das espécies do gênero apresentou 2n=44 e NF baixo,
sendo os cariótipos muito similares. O cariótipo ancestral do gênero deve ser similar a estes,
pois são os observados nos clados basais do gênero e são encontrados em espécimes oriundos
de localidades próximas à América Central, região do evento provável cladogênico entre
Rhipidomys e Thomasomys, que apresenta algumas espécies com 2n próximo à 44, inclusive
44, e NF baixo. Além dos cariótipos com 2n=44 e NF baixo, foi recuperado nas análises
moleculares em um único clado os outros dois grupos: o grupo com 2n=48 e 50, que
contempla atualmente a espécie R. nitela, mas que apresentou cinco complementos distintos
que podem se tratar de três entidades taxonômicas ou populações diferenciadas; e o grupo com
2n=44, NF alto que contempla R. ipukensis e R. mastacalis. Os dados moleculares, com dois
marcadores mitocondriais e quatro nucleares, associados aos dados cariotípicos, revelaram a
formação de dois clados em R. mastacalis, um ao norte do Rio Jequitinhonha e outro ao sul.
Esses clados correspondem a duas espécies distintas: R. mastacalis (2n=44, NF=74) e
possivelmente R. cearanus (2n=44, NF=72), cujo nome encontra-se disponível mas não
reconhecido como espécie válida. Dentro do clado com NF alto encontra-se R. emiliae que
apresenta cariótipo com 2n=44 e NF=52, decorrente de um evento de introgressão confirmada
pela análise concatenada com dados nucleares. Enquanto o cariótipo analisado por coloração
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convencional não distingue bem as espécies com NF baixo, os padrões de bandeamento
sugerem distinções. Não diferenciamos o principal responsável pela variação no NF:
reposicionamento centromérico ou inversão pericêntrica. A explicação para surgimento do
cariótipo com 2n=48 e 50 é mais complexa do que uma simples fissão. Rhipidomys emiliae, R.
ipukensis e R. tribei tiveram seus cariótipos descritos pela primeira vez no presente estudo. Há
também a indicação de uma possível nova espécie baseada nos dados moleculares.
Palavras-chave: introgressão, distribuição geográfica, taxonomia, Rhipidomys cearanus,
espécie nova, filogenia molecular, marcador mitocondrial, marcador nuclear, cariótipo.