Presença e Importância do Tatu-canastra, Priodontes Maximus (kerr, 1792), em um dos Últimos Refúgios para Espécie na Mata Atlântica: o Complexo Florestal Linhares-sooretama

Nome: Bruno Lucas Fontes dos Santos
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 10/03/2020
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
Arnaud Léonard Jean Desbiez Co-orientador
Aureo Banhos dos Santos Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
Adriano Garcia Chiarello Examinador Externo
Albert David Ditchfield Examinador Interno
Ana Carolina Srbek de Araujo Suplente Externo
Arnaud Léonard Jean Desbiez Coorientador
Aureo Banhos dos Santos Orientador

Resumo: O Priodontes maximus, conhecido no Brasil como tatu-canastra, divergiu-se
dentro da superordem Xenarthra há pelo menos 22 Ma e é uma das espécies de
mamíferos viventes mais antiga da Terra. Ele é classificado dentro dos mamíferos de
grande porte, sendo que um indivíduo adulto pode medir 1,60 m e pesar 60 kg em vida
livre. O tatu-canastra é uma espécie bandeira das florestas sul-americanas e está
ameaçado de extinção em toda sua distribuição. No Brasil, sua ocorrência é ampla,
abrangendo atualmente os biomas Cerrado, Pantanal, Amazônia e Mata Atlântica, mas
a espécie encontra-se ameaçada na categoria de Vulnerável. Na Mata Atlântica,
encontra-se Criticamente Ameaçado. O Complexo Florestal Linhares-Sooretama,
formado pela Reserva Biológica de Sooretama, Reserva Natural Vale e outras reservas
contíguas, é um dos últimos refúgios para a espécie em toda a Mata Atlântica. Até o
momento, haviam escassos registros e informações isoladas sobre a espécie neste
complexo florestal, além disso o seu papel ecológico ainda não havia sido estudado na
Mata Atlântica. Nesse sentido, essa dissertação visou superar essa lacuna, gerando
conhecimento sobre o estado de conservação e sobre o papel ecológico da espécie na
região. No primeiro capítulo, reuniu-se os registros históricos e o conhecimento de
pesquisas com vertebrados terrestres realizadas no complexo florestal nos últimos 15
anos. Além disso, foram realizadas buscas por evidências da presença da espécie. No
total, foram 70 registros, incluindo carcaças, escavações e imagens do tatu-canastra.
Foram encontradas 23 escavações de tatu-canastra e três indivíduos foram registrados
nas armadilhas fotográficas. Os registros demostraram que o estado de conservação da
espécie na região é muito preocupante, pois a quantidade de indivíduos sobrevivendo
na área é pequena e a população está sob fortes ameaças de caça e da rodovia BR101. Diante desse cenário, a existência da espécie neste complexo florestal está
altamente comprometida e a sua população está em vias de extinção. No segundo
capítulo, realizou-se o primeiro estudo sobre a ecologia do tatu-canastra na Mata
Atlântica. O tatu-canastra é conhecido por ser um engenheiro alógeno do ecossistema,
pois por meio de suas escavações, eles alteram o ambiente físico, criam novos habitats
e influenciam os recursos para diversas espécies de vertebrados silvestres. No presente
estudo, foram instaladas armadilhas fotográficas para monitoramento em frente a 14
escavações de tatu-canastra na Reserva Biológica de Sooretama. Os resultados
mostraram que pelo menos 37 espécies de vertebrados usaram as escavações na Mata
Atlântica e a riqueza de espécies detectada em frente as escavações foi maior do que
os pontos sem escavações. Além disso, 15 espécies foram detectadas exclusivamente
nas escavações e apenas duas nos pontos sem escavação. Muitas dessas espécies
registradas estão ameaçadas de extinção. Assim, o tatu-canastra é um engenheiro do
ecossistema também na Mata Atlântica e apesar de estar em vias de extinção, suas
escavações ainda fornecem recurso, abrigo e proteção para muitas outras espécies de
animais. Entretanto, a menos que o curso da extinção possa ser revertido em breve, o
tatu-canastra não poderá mais exercer o seu importante papel ecológico no Complexo
Florestal Linhares-Sooretama.
Palavras-chave: Chlamyphoridae; Xenarthra; engenheiro do ecossistema; tatu; ecologia;
Reserva Biológica de Sooretama; biodiversidade; armadilha fotográfica.

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