Efeitos ecológicos da contaminação com rejeitos de minério no estuário do
Rio Doce: uma abordagem utilizando múltiplas linhas de evidência
Nome: FABRÍCIO ÂNGELO GABRIEL
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 16/09/2021
Orientador:
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Papel |
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ANGELO FRAGA BERNARDINO | Orientador |
Banca:
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Papel |
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ANGELO FRAGA BERNARDINO | Orientador |
JEAN-CHRISTOPHE JOYEUX | Suplente Interno |
MATILDE MARIA MOREIRA DOS SANTOS | Examinador Externo |
PABLO MUNIZ MACIEL | Examinador Externo |
RACHEL ANN HAUSER DAVIS | Suplente Externo |
Páginas
Resumo: O estuário do Rio Doce foi fortemente impactado pela pluma de rejeitos e sedimentos do rompimento da barragem de Fundão, no estado de Minas Gerais, Brasil. O derramamento do rejeito e a sua chegada no estuário causaram consequências ecológicas e socieconômicas catastróficas. Os impactos de curto prazo revelaram redução imediata da biodiversidade e efeitos biológicos prolongados da contaminação crônica por metais e metalóides. Esta tese apresenta uma avaliação da contaminação e seus efeitos de longo prazo (2017 a 2020, 2 a 4 anos após o desastre) após a chegada da pluma no ambiente estuarino, usando múltiplas linhas de evidência para revelar potenciais impactos ecológicos e riscos para a biota aquática. A presente abordagem incluiu análises físico-químicas de sedimentos, determinação da bioacumulação de elementos químicos em fauna aquática, biossíntese de biomarcadores de estresse oxidativo em peixes e efeitos na estrutura e composição das assembleias bentônicas estuarinas. Portanto, os capítulos da tese revelam progressivamente a contaminação e os efeitos ecológicos e biológicos dos elementos associados aos rejeitos de mineração no
ecossistema estuarino. O primeiro capítulo destaca a alta contaminação do estuário por elementos potencialmente tóxicos e os riscos ecológicos associados, ressaltando a fragilidade do ecossistema estuarino frente aos impactos agudos e crônicos pelo derramamento de rejeito de minério. O segundo capítulo consiste em uma análise de longo prazo da presença de metais nos sedimentos e uma avaliação integrada dos contaminantes,
revelando sua variabilidade sazonal e a persistência de possíveis efeitos biológicos adversos para a fauna estuarina. O terceiro capítulo faz uso de análises de proteômica e metalômica para investigar a exposição da ictiofauna a contaminantes, sugerindo que muitas espécies estão sob efeito crônico do impacto e bioacumulando metais e metalóides. O quarto capítulo é voltado ao estudo dos impactos nas assembleias bentônicas após o impacto inicial (agudo)
da chegada de rejeito de minério. Para tal, usou-se dados ecológicos pré-impacto combinados com dados de longo prazo (4 anos pós-desastre). Embora há um claro declínio na concentração dos metais em sedimentos estuarinos, ocorreu uma estabilização dos níveis acima do valor de referência para o estuário, provavelmente refletindo em uma lenta recuperação das assembleias bentônicas e perda contínua de biodiversidade. Por fim, o quinto capítulo faz uma síntese integrativa e conclusiva com as múltiplas linhas de evidência
utilizadas para contribuir com a gestão ambiental estuarina após o derramamento de rejeito de minério no Rio Doce, bem como para estimular estudos futuros. Os resultados aqui relatados sugerem efeitos duradouros no sistema ecológico, no qual a biota estuarina continuará sob perturbação crônica associada à presença dos rejeitos e metais.