Correlação Entre Estrutura Cariotípica e Filogenia Molecular em Rhipidomys (cricetidae, Rodentia) do Leste do Brasil

Nome: NÚBIA BADKE THOMAZINI
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 23/03/2009
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
Valéria Fagundes Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
Celso Oliveira Azevedo Examinador Interno
Valéria Fagundes Orientador
Yuri Luiz Reis Leite Examinador Interno

Resumo: O gênero Rhipidomys Tshudi, 1845 pertencente à tribo Thomasomyini (Steadman & Ray 1982) contempla roedores com hábitos arborícolas, noturnos e solitários. São de pequeno porte, o peso varia de 35 a 170 gramas, caracterizados por uma combinação de vibrissas longas, tufo ou pincel na extremidade distal da cauda e pelagem escura presente no dorso de suas patas dianteiras (Tribe, 1996; Emmons & Feer, 1997). Sua distribuição é ampla abrangendo desde o leste do Panamá, atravessando a América do Sul, até o norte da Argentina. No Brasil são registrados em todos os biomas. Estudos citogenéticos nesse gênero revelaram uma elevada variabilidade cariotípica, com três números diplóides 2n=44, 48 e 50, e variação do número de braços autossômicos (NFa) e dos cromossomos sexuais, totalizando 20 citótipos distintos. Os cariótipos com 2n=44 retêm a maior parte da variação cariotípica do gênero com 11 complementos autossômicos distintos (NFa=46, 48, 49, 50, 52, 54, 61, 70, 74, 76 e 80). O cariótipo com 2n=48 possui três citótipos distintos (NFa=66, 67 e 68), enquanto que o 2n=50 apresenta dois citótipos diferentes (NFa=70 e 71). Foi sugerido que esses cariótipos poderiam ser divididos e três grupos de acordo com o 2n e NFa, grupo R. nitela composto pelos animais com o 2n=48/50; grupo R. leucodactylus com 2n=44 e NFa baixo que varia de 46 a 52; e grupo R. mastacalis 2n=44 e NFa alto variando de 74 a 80. Essa distinção foi reforçada pela existência de alelos exclusivos em alguns desses grupos. Apesar dos dados da literatura sugerirem que o cariótipo seja uma boa ferramenta para auxiliar na caracterização de espécies de Rhipidomys, e estudos moleculares começarem a sugerir como os cariótipos de Rhipidomys estão estruturados filogeneticamente, trabalhos que associem dados cariotípicos à caracterização molecular das populações são inexistentes em Rhipidomys. Nesse sentido, propomos caracterizar os cariótipos de Rhipidomys quanto ao número e morfologia dos cromossomos; propor uma hipótese filogenética molecular para as formas do leste do Brasil usando um novo marcador molecular; verificar se os cariótipos distintos estão correlacionados com clados monofiléticos; e testar a validade dos agrupamentos Rhipidomys baseados na estruturação cariotípica: grupo R. leucodactylus (NFas baixos) e grupo R. mastacalis (NFas altos). Neste estudo encontramos duas novas descrições de cariótipos, um cariótipo com NFa alto inédito (2n=44 e NFa=72) e outro com uma combinação inédita de cromossomos X e Y (2n=44, NFa=50, XbYc). Adicionando nossos dados aos da literatura observou-se 22 cariótipos descritos para o gênero Rhipidomys. Desses 22 cariótipos, 14 foram associados a 12 dos 21 táxons reconhecidos em Rhipidomys, e oito cariótipos não estão associados a nenhum táxon reconhecido. Além disso, identificamos seis espécies de Rhipidomys reconhecidas e sugerimos a presença de mais dois novos táxons para o leste do Brasil. Encontramos indícios que a barreira vicariante na Mata Atlântica é marcada pelo rio Jequitinhonha e não pelo rio Doce, como sugerido em muitos trabalhos. Revelamos que o grupo com NFa alto é monofilético, enquanto o grupo com NFa baixo é polifilético e parafilético, fato esse que vai de encontro com a hipótese dos agrupamentos cariotípicos. Descobrimos que há uma tendência do aumento no número de braços autossômicos no gênero, encontrando-se as formas cariotípicas mais derivadas a mais distantes do provável ponte de origem do gênero na América do Sul. Ainda, foi proposto que a origem da radiação de Rhipidomys ocorreu nos Andes e as populações dessa região carregaria as condições primitivas do grupo, como o 2n=44 e o NFa baixo. A partir desse cariótipo ancestral propomos um modelo de evolução cariotípica levando em consideração na distribuição das formas cromossômicas em cada região.

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