Modelos de nicho, mudanças climáticas e a vulnerabilidade do clado Perissodactyla ao longo do tempo.
Nome: Andressa Gatti
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 20/06/2013
Orientador:
Nome | Papel |
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Paulo De Marco Júnior | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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Albert David Ditchfield | Examinador Interno |
Emília Patrícia Medici | Examinador Externo |
Natália Mundim Tôrres | Examinador Externo |
Paulo De Marco Júnior | Orientador |
Sérgio Lucena Mendes | Examinador Interno |
Resumo: A Terra sofreu várias mudanças climáticas no passado e as mais recentes ocorreram durante os ciclos glacial-interglacial no Quaternário resultando na perda de habitat, em expansões e reduções do nível dos oceanos, produzindo mudanças nos ecossistemas e alterações significativas no habitat disponível para os herbívoros terrestres, principalmente. Muitas extinções dessa época são associadas às mudanças climáticas naturais, no entanto, as predições indicam que as alterações climáticas, ocasionadas pelas atividades antrópicas, serão uma das principais ameaças à biodiversidade no futuro. Em resposta às flutuações climáticas, as distribuições de algumas espécies podem sofrer mudanças ou, ainda, as espécies podem se deslocar para novas áreas adequadas. Contudo, isso dependerá de sua capacidade em dispersar e das características do ambiente. Assim, é fundamental identificar quais são as características que tornariam as espécies mais vulneráveis a essas mudanças. Nesse contexto, os Perissodactyla se mostraram um modelo adequado para testarmos nossas hipóteses, pois compreendem um grupo de grandes mamíferos herbívoros, extremamente ameaçados, que passaram por inúmeras mudanças ambientais desde a sua origem. Nosso principal objetivo foi avaliar a influência das alterações climáticas sobre os mamíferos do clado Perissodactyla, em uma escala temporal ampla, abrangendo desde o Quaternário (a partir do Último Interglacial) até o futuro (ano 2080). Utilizamos duas abordagens: i) a relação entre as características do nicho e a vulnerabilidade do clado no futuro; e ii) a influência do clima na distribuição de áreas ambientalmente adequadas, de Tapirus terrestris, no passado e no futuro. Para testar nossas predições nos baseamos na Modelagem de Nicho Ecológico, que tem sido uma das abordagens mais empregadas e relevantes para predizer as mudanças nas distribuições das espécies. Nós usamos diferentes conjuntos de modelos climáticos (paleoclimáticos, atuais e futuro) e procedimentos de modelagem. Nossos resultados indicam que os Perissodactyla apresentaram características de nicho distintas, e que espécies consideradas generalistas também podem sofrer negativamente os efeitos das mudanças climáticas. Além disso, grande parte das respostas das espécies foi idiossincrática. Outro ponto importante é barreiras podem ter limitar a dispersão dessas espécies a novas áreas ambientalmente adequadas, pois concluímos que várias espécies do clado ocorrem em áreas altamente ameaçadas pelas mudanças climáticas. Dentre os Perissodactyla, T. terrestris, se mostrou a espécie mais climaticamente generalista. Contudo, a avaliação da resposta da espécie em relação às diferentes mudanças climáticas, sugere que as condições mais críticas, que prevaleceram durante o Último Máximo Glacial, reduziram a extensão geográfica das áreas climaticamente adequadas para a anta, com uma subsequente expansão. Se o clima não foi um problema muito sério na história evolutiva da espécie, o desafio para a sua conservação hoje e no futuro podem ser bem maiores. Mesmo que a extensão da distribuição geográfica da anta em si não se altere, como uma resposta às alterações climáticas, predizer as mudanças da adequabilidade ambiental ao longo dessa distribuição nos auxiliará na priorização de áreas para a conservação da espécie. Dessa forma, o desaparecimento das condições climáticas e a emergência de novas áreas ambientalmente adequadas devem ser considerados em planos de manejo futuros, especialmente na criação de novas unidades de conservação tanto para T. terrestris quanto para os demais Perissodactyla.