Distribuição geográfica histórica e recente da ariranha, Pteronura brasiliensis (Gmelin, 1788) (Carnivora, Mustelidae)
Nome: AMANDA FRANCISCHETTO COLODETTI
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 24/04/2014
Orientador:
Nome | Papel |
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Sérgio Lucena Mendes | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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Guilherme de Miranda Mourão | Examinador Externo |
Sérgio Lucena Mendes | Orientador |
Yuri Luiz Reis Leite | Examinador Interno |
Resumo: A ariranha é um carnívoro semi-aquático com hábitos diurnos e sociais. É considerada a maior lontra do mundo e também uma das mais ameaçadas. Distribuía-se amplamente pela América do Sul, ocorrendo em todos os países, exceto Chile. Sua distribuição geográfica, entretanto, vem sofrendo alterações nos últimos séculos. Este trabalho teve como objetivos (i) estimar a distribuição geográfica histórica e recente da ariranha; (ii) estimar a contração ocorrida na distribuição; e (iii) relacionar a ocorrência atual da espécie no Brasil aos remanescentes vegetais e à densidade populacional humana (DPH). Para isso, foi feito um extenso levantamento de registros de localidades de ocorrência da espécie. A estimativa da distribuição geográfica foi realizada com o auxílio do algoritmo alpha-shape e a área obtida para as distribuições histórica e recente foi 9.817.116 km2 e 5.984.901 km2, respectivamente. A contração da distribuição foi estimada a partir da comparação entre as distribuições, chegando-se a um resultado de aproximadamente 40% de redução de área, representado pela extinção da ariranha nos limites sul e leste da distribuição histórica. Essa contração foi analisada nos ambientes das ecorregiões aquáticas e terrestres, a fim de verificar os ambientes ocupados pela espécie e também aqueles dos quais ela foi extinta. Essa análise indicou que a espécie desapareceu não apenas de alguns ambientes, mas de pelo menos uma parte de todos os ambientes que ocupava. Ao relacionar a ocupação atual da ariranha no Brasil com os remanescentes vegetais e com a DPH, foi possível constatar que a contração está relacionada primariamente à influência antrópica. Isso porque a ariranha permaneceu nas áreas com presença de remanescentes e baixos níveis de DPH, enquanto nas áreas onde atualmente ela é considerada extinta o ambiente foi modificado e as médias de DPH são elevadas. Diversas são as ameaças à espécie citadas na literatura, estando todas relacionadas com a ação antrópica, como a poluição de rios, destruição e fragmentação do hábitat. A redução de 40% de sua distribuição geográfica também representa a eliminação de seu papel ecológico nessas regiões, impactando negativamente os ecossistemas e contribuindo para o empobrecimento da biodiversidade. Os resultados obtidos nesse estudo podem contribuir para a elaboração de estratégias conservacionistas, como a reintrodução da ariranha em áreas onde ela foi extinta.