Ecologia isotópica de arcossauros do Cretáceo brasileiro

Resumo: Os répteis arcossauros são importantes componentes bióticos dos ecossistemas continentais. Passaram
por sua primeira grande irradiação no Triássico, mas durante o Jurássico e Cretáceo foram representados apenas
por três linhagens: dinossauros, crocodilomorfos e pterossauros. Estas linhagens apresentam irradiações
evolutivas importantes durante a Era Mesozoica, com grande riqueza tanto de táxons como de formas
extremamente especializadas no Cretáceo. Vários depósitos cretáceos brasileiros, como aqueles presentes nas
bacias do Araripe, Bauru e São Luís-Grajaú, apresentam uma quantidade significativa de espécies, supostamente
simpátricas e, portanto, competidoras. Isto tem, historicamente, levado a questionamentos sobre a possibilidade
do número de espécies descritas encontrar-se inflado, ou mesmo que a falta de um controle estratigráfico mais
preciso coloque, erroneamente, estas espécies como convivendo temporalmente.
Este projeto vem abordar este problema, ao determinar o nicho ecológico de arcossauros cretáceos
brasileiros. Através desta análise, será possível definir se estas espécies de fato apresentam sobreposição de
nichos, isto é, se competiam entre si. Para tanto, serão realizadas análises de seus isótopos estáveis (δ13C e
δ18O), que são medidas quantitativas independentes da interpretação de sua morfologia funcional ou de sua
filogenia, permitindo, assim, testar hipóteses já presentes na literatura. Desta forma, são objetivos específicos
deste projeto determinar a disponibilidade de recursos abióticos, as interações bióticas, as relações de predação
e possível competição entre répteis arcossauros terrestres encontrados em depósitos cretáceos das bacias do
Araripe, São Luís-Grajaú e Bauru. A abordagem metodológica consistirá em analisar tanto dados isotópicos já
presentes na literatura como em obter novas amostras. Serão amostrados espécimes de répteis arcossauros,
tartarugas e peixes destas três bacias e que já se encontram depositados em coleções científicas publicamente
acessíveis. Cerca de 3 gramas de hidroxiapatita, preferencialmente de dentes ou, eventualmente, de ossos, serão
retirados e enviados para análise isotópica em um laboratório especializado no exterior. Os dados resultantes de
δ13C e δ18O serão analisados para definir a dieta e a fonte de água presente na alimentação dos animais.
Modelos matemáticos mistos serão aplicados para definir a largura e sobreposição do nicho ecológico dos
indivíduos, e testar a ocorrência de competição intra- e interespecífica.
Com estas análises, espera-se: fornecer novos dados sobre os paleoambientes das bacias do Araripe,
Bauru e São Luís-Grajaú; determinar o tipo de vegetação consumida pelos táxons herbívoros; determinar as
relações presa/predador; estabelecer a largura e sobreposição de nicho dos arcossauros amostrados; propor
hipóteses sobre as cadeias alimentares presentes nestas bacias; e testar hipóteses de competição, como entre
predadores terrestres de grande porte. Além do impacto científico dado o ineditismo do trabalho, os resultados
deste estudo também terão impacto direto na sociedade, por permitir maior acurácia nas reconstruções em vida
de dinossauros, pterossauros e crocodilomorfos mesozoicos, que são rotineiramente retratados em museus,
filmes e revistas, dada a sua popularidade.
O caráter inter- e multidisciplinar deste projeto, com afinidades tanto com a ecologia de animais
recentes como com a reconstrução de paleoambientes, permitirá diálogo com vários grupos de pesquisa lotados
dentro e fora do Espírito Santo, além de permitir a formação multidisciplinar de recursos humanos que possam
trabalhar em prol da geo- e biodiversidade brasileira.

Data de início: 2019-03-01
Prazo (meses): 36

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Coordenador Taissa Rodrigues Marques da Silva
Acesso à informação
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